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  • Foto do escritorKaroline Pereira

Mergulhando em Águas Profundas: EU


Eu sempre defendi o olhar para si. Sou dessas que sai por aí encorajando o mergulhar em si. E continuarei...

Hoje, me dei conta que há diversos jeitos de mergulhar. Me dei conta que há mergulhos que parecem profundos e recheados de eu-corais. Belos nas sua mal-formação. Instigantes e ariscos, muitas vezes... Parece me atacar, simplesmente por me aparecer...

Aí voltei para a superfície, recuperar o fôlego para, quem sabe, inspirar coragem em meus pulmões. E descer para explorar os eu-corais. Bóio um pouco. Desconfortável com o flutuar, sabendo que mais abaixo, há aquelas criaturas minhas... Algo me “puxa”, me faz inquieta na minha superfície. Não há muito o que fazer,aqui em cima, além de respirar e boiar...

Me permito mais um tempo nessa rasura de mim... Como se eu estivesse contando as ferramentas necessárias para explorar aquelas minhas criaturas.

Toco minha superfície, parece frágil, mas forte o bastante para manter-me suspensa. Percebo que é necessário esforço para descer. Não desce simplesmente, como boiar se faz simples...

Puxo o ar, querendo parecer confiante e vacilo por um momento... Para que descer? Curiosidade? Estupidez? Se pareceu tão avesso e hostil, qual o sentido de um novo mergulho? Aqui, na rasura do meu ser, parece tranquilo. Mas não parece confortável. E se subir? E se agarrar meu pé e me levar para o fundo, sem um último fôlego?

Não suporto esse lugar. Não por muito tempo, afinal... É raso demais, um imenso horizonte de pormenoridades, de coisas vazias de mim. Sou só um corpo solto, flutuando na minha própria existência.

Me preparo para descer outra vez. Quase que de súbito. Sem perceber, deixei minhas ferramentas de explorador em minha superfície e descia despida de rasura...

Procuro os eu-corais e não os encontro. Penso que talvez estejam mais abaixo e me preparo para descer mais. Coisas começam a esbarrar em mim, mas sigo decidida a encontra-los. Malditos, para onde fui? Onde me escondi? Onde eu estou?

Me vejo mergulhando cada vez mais e sinto meu ser sendo machucado a cada mergulho. Esbarrando em tudo de mim, em busca de algo que parece escorrer entre os dedos das minhas mãos. Querendo pegar minhas partes e estudá-las, sem me dar conta que elas mudam de forma. Eu-corais se transformam a cada mergulhar, e eu queria vê-los como um dia me apareci. Acreditava que a cada mergulho, uma nova descoberta se realizaria, muito CLARA, certeira. Mas há mergulhos que me mostraram apenas profundezas de mim e que talvez eu só preciso estar. Apreciar minha profundeza na sua de-formação e impermanência...

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